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Coronavírus
Pico epidêmico da Covid-19 no RN será em julho, alerta pesquisador potiguar
Previsão do professor José Dias do Nascimento Júnior, titular do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN

Publicado em 01/06/2020 06:49 - Atualizado em 01/06/2020 06:49

Foto: Pedro Vitorino

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Reportagem do Agora RN  -  O Rio Grande do Norte do Norte terá o pico da epidemia da Covid-19 até meados de julho deste ano. A previsão é de que serão mais 100 mil casos de casos sintomáticos – com os efeitos da doença no organismo. Além disso, a estimativa é de que até nove mil potiguares necessitarão de algum atendimento hospitalar, seja em serviços ambulatoriais ou de internação.

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A previsão é do professor José Dias do Nascimento Jr., integrante do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ele é responsável pelo modelo físico-matemático que analisa o impacto da pandemia do novo coronavírus entre os potiguares.

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O potiguar é atualmente pesquisador convidado do centro de astrofísica da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Foi a partir da cidade americana de Cambridge, nas cercanias da prestigiosa instituição de ensino, que ele conversou com o Agora RN. Ele é autor de análises matemáticas para o Governo do Estado e para o Comitê Científico do Consórcio Nordeste.

“O pico de contágio aconteceu no final de abril e primeira quinzena de maio. Isso significa que teremos, mais na frente, um pico de agravamento, que é quando os sintomas aparecem e mais pessoas precisam de internação”, explicou.

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Entre abril e maio, segundo o professor, foi o período em que boa parte da população foi exposta ao vírus. Isso se explica por alguns fatores. O principal deles, afirma o pesquisador, foi a redução das taxas de isolamento. No dia 22 de março, data do decreto estadual que restringiu a circulação de pessoas, a taxa de isolamento era de 61% – segundo o site de monitoramento In Loco. Contudo, no período entre 26 e 30 de maio, a taxa variou entre 38% e 41%.

Uma maior circulação populacional gera aumento no número de infectados. O professor defende um bloqueio mais restrito para impedir o avanço nos contágios. “Ou isolamos muita gente por pouco tempo ou isolamos pouca gente por pouco tempo. O tempo de isolamento vai depender da qualidade de enfrentamento que a população do Rio Grande do Norte está oferecendo”, reforçou.

Impactos socioeconômicos

Outra razão para a forte redução do isolamento em maio tem um componente socioeconômico. Foi no início de maio que se iniciou o pagamento do auxílio emergencial – o suporte financeiro do Governo Federal para trabalhadores informais ou sem renda – nas agências da Caixa Econômica Federal. Segundo reportagem do Agora RN de 18 de maio, o Rio Grande do Norte tem mais de 1 milhão de pessoas com direito aos recursos, o que representa 28% da população.

Desta forma, um em cada três potiguares precisou sair de casa para receber os R$ 600. As imagens de enormes filas em agências bancárias deram a tônica durante boa parte de mês. O resultado do aumento de pessoas nas ruas foi visto na evolução dos números da doença. Os primeiros 1 mil casos da doença foram registrados entre os dias 13 de março (data da primeira confirmação) e 29 de abril. Desde então, os números da doença aumentaram sete vezes em menos de 30 dias. Neste domingo (31), o Estado somou 7.402 casos confirmados de Covid-19.

Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, apontam que, em média, o Rio Grande do Norte tem uma dobra nos casos a cada seis dias. Desta forma, caso se análise o avanço até o dia 1º de julho, os registros podem dobrar outras seis vezes. Com isso, o número de casos pode passar dos 100 mil.

Além disso, há uma subnotificação de casos da Covid-19. Desde que o primeiro caso entre os potiguares aconteceu, em 13 de março, apenas 19 mil testes de detecção foram feitos. Isso significa 5,6 testes a cada mil habitantes.

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Além disso, o Governo do Estado segue com o mesmo protocolo de testagem desde o início da pandemia.Na maioria dos casos, são testadas apenas pessoas que apresentam os sintomas da doença, com comorbidades e que procuram atendimento hospitalar. Os casos assintomáticos acabam sem a possibilidade de passar pela testagem. Além disso, os testes também são aplicados em servidores da saúde, segurança pública, idosos e cuidadores de idosos e, por fim, moradores de rua. Isso acaba restringido o acesso da população à testagem em massa.

Momento é de planejamento

“Quando muita gente vai para as ruas, nós só vamos ter um resultado disso no número de contágios depois de um tempo. O coronavírus tem um tempo global – o que inclui a incubação, aparecimento dos sintomas e, em alguns casos, de piora do quadro clínico. No Rio Grande do Norte, este tempo é de 12 a 15 dias entre o inicio o final dos sintomas”, detalhou o professor.

Ainda de acordo com José Dias do Nascimento Jr., os números da pandemia só tendem a crescer em território potiguar. Ele alerta para o fato que a população segue se expondo ao vírus, descumprindo o isolamento, o que tende a agravar a situação.

O reflexo do aumento de contágios está no número de pessoas que necessitam atendimento hospitalar especializado para a Covid-19. Mesmo com a abertura gradativa de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em diversas regiões do território potiguar, a demanda é cada vez maior. Até este domingo (31), segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), 126 pessoas aguardavam transferência para um leito crítico. A rede estadual tem, hoje, 204 leitos para atendimento do público. Deste total, 165 vagas estavam ocupadas e apenas 23 estavam disponíveis. Há ainda outros 16 leitos bloqueados,

Ele reforça a importância para que os gestores públicos do Estado e dos municípios passem a adotar ações mais rígidas para o isolamento.

"Precisamos entender isso para propor medidas que sejam mais duras. Não estamos em momento de desespero; não há caos generalizado. Se colocássemos a população do Rio Grande do Norte por 15 ou 20 dias dentro de casa, nós teríamos uma mudança completa da curva. O pico seria mais curto e o final da epidemia seria mais curto”, justificou.


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