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No meio do nada, no alto de uma rocha escondida na Serra da Tapuia, agreste do Rio Grande do Norte, um castelo com traços da arquitetura islâmica está sendo erguido há 35 anos.
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A obra ainda inacabada, com 150 torres de tamanhos variados, 13 labirintos e quatro andares, é a missão de vida do sargento aposentado do Exército José Antônio Barreto, 87, o Zé dos Montes.
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O projeto nunca foi colocado numa folha de papel. Não há planta arquitetônica, cálculo de engenharia e nem qualquer planejamento de construção.
“Só existe dentro da cabeça dele. Saiu tudo da imaginação. Ele sempre disse que não precisava de desenho. Nunca estudou nada sobre isso. Anotava apenas quanto tinha gasto de cimento e tijolo”, diz, com orgulho, o filho Joseildo Gomes de Oliveira Barreto, responsável hoje por administrar o local.
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Por trás da construção que desperta a curiosidade de quem avista as torres furarem o céu, no meio de uma paisagem indescritível e um silêncio interrompido apenas pelo barulho dos bichos, há uma história mítica e religiosa.
Tudo começou quando seu Zé dos Montes era criança. Conta que, aos oito anos, no momento em que estava pegando lenha no meio do mato, no município de Pedro Avelino, no Rio Grande do Norte, teve uma visão.
Uma mulher havia aparecido na sua frente e dito que ele tinha que construir uma capela. Assustado, correu para casa, mas não contou nada aos pais.
“Ele diz que essa visão se repetiu por várias vezes e, sempre, no dia 13 de cada mês”, comenta Joseildo.
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Antes de erguer a obra definitiva em Sítio Novo, tentou levantar as torres em outros 13 locais. “Mas só aqui, nesta serra, percebeu que era realmente o lugar ideal. Ele comprou o terreno com algumas economias e colocou a mão na massa.”
Em 1984, após algumas tentativas frustradas, começou a construção sozinho. Tijolo a tijolo. Com o dinheiro que juntava da aposentadoria, comprava pedras e cimento na região.
Depois, pela quantidade de serviço, precisou contratar alguns ajudantes. Por 11 anos seguidos, a obra não foi interrompida um mês sequer.
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As torres ocupam 90% de uma rocha de 30 metros de altura. A construção está 400 metros acima do nível do mar.
Já com grande parte do castelo que carrega seu nome erguido, o aposentado, aos 65 anos, viajou para a Europa. Visitou Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Alemanha. Queria saber se o seu empreendimento devia alguma coisa às construções do “estrangeiro”.
“Ele foi duas vezes. Sempre viajou sozinho, mas era acompanhado por um guia lá. Visitou alguns templos. Na primeira vez, iria passar um mês. Voltou 11 dias depois porque não gostou da comida”, conta o filho.
Dentro do castelo, que apresenta uma nave principal, há algumas imagens de Nossa Senhora.
Existem também réplicas de cal, feitas por ele, de construções famosas mundialmente, a exemplo da Sagrada Família, em Barcelona, na Espanha, projetada pelo arquiteto Antoni Gaudí.
No local, que serviu de moradia para ele e a família por uma década, não há energia elétrica e nem água encanada. Em um dos andares, há uma cama de cimento e três quartos sem nenhum móvel dentro.
O que mais tem é morcego. Estão por toda a parte. Pendurados na parede, assustam quando saem voando de repente.
Além de janelas de madeira, há algumas aberturas na rocha para entrada da luz do sol. O acesso pela parte da frente é feito por uma pequena trilha que corta o terreno de sete hectares.
(Veja mais fotos, vídeo e reportagem completa com reportagem na íntegra por João Valadares aqui)